The Kingfisher. Oil on canvas 1886. Amsterdam
No Brasil, o planejamento das áreas metropolitanas, tem sido objeto recente de preocupação dos
governos há muitas décadas. O diagnóstico ambiental do crescimento urbano brasileiro aponta a urgência de estratégias de conservação e do uso sustentável do patrimônio natural e construído como base para uma vida saudável no meio rural. A escolha de atividades agrícolas e não agrícolas (pluriativas) compatíveis com a cultura local e com capacidade de absorção de mercado é destacada como estratégia prioritária de gestão de acordo com Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU).
Segundo o ecossocioeconomista Ignacy Sachs*, além de produzir alimentos, as paisagens agrícolas contribuem para regular o clima e conservar a biodiversidade. Desta forma, cada vez mais se torna indispensável quantificar seus benefícios para pequenos produtores e as economias nacionais. O relatório do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (IFAD, na sigla em inglês) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sobre os pequenos produtores rurais, a segurança alimentar e o meio ambiente, denominado “Smallholders, Food Security and the Environment (2013).
Como resultado desse estudo a agricultura familiar é colocada na linha de frente das transformações da agricultura mundial (pois, corresponde a 80% da produção): “Com a sua imensa experiência coletiva e o conhecimento íntimo das condições locais, os pequenos produtores detêm muitas das soluções práticas que podem ajudar a colocar a agricultura num patamar mais sustentável e equitativo”. Dentro desta perspectiva, os desafios das Políticas Públicas são estimular os agricultores familiares a priorizar a conservação de solos, recursos hídricos e vegetação nativa, a moderação no uso de adubos e defensivos e o esverdeamento da cadeia de abastecimento.
Contudo, não é possível subestimar os estragos trazidos por uma agricultura que não pondera às questões ambientais, privilegiando os resultados imediatos pelo uso excessivo de agrotóxicos e monoculturas em áreas extensas. A proposta da agricultura plurifuncional é de uma gestão coordenada da paisagem, de modo a proporcionar às populações rurais e periurbana estilos de vida sustentáveis, adequados às condições locais.
Uma metodologia proposta para avaliar a economia dos ecossistemas e a biodiversidade foi estabelecida pelo PNUMA com a colaboração da Comissão Europeia, das Nações Unidas, da Alemanha e da Grã-Bretanha chamada de Teeb (The Economics of Ecosystems and Biodiversity). O TEEB evidenciou que invisibilidade econômica dos fluxos da natureza na economia contribui de maneira significativa para a degradação dos ecossistemas e para a perda da biodiversidade.
O Ministério o Meio Ambiente Brasileiro identificou os principais processos responsáveis pela perda de biodiversidade: perda e fragmentação dos habitats; introdução de espécies e doenças exóticas; exploração excessiva de espécies de plantas e animais; uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes; e mudanças climáticas.
Portanto, estudos sobre o conhecimento de populações tradicionais, a valoração ambiental e de serviços ecossistêmicos bem como os inventários de biodiversidade podem assegurar as condições necessárias para a manutenção da produtividade da agricultura de caráter familiar contribuindo assim para a viabilidade econômica e o Desenvolvimento Sustentável.
BRASIL, MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. In: Cadernos Cidades Desenvolvimento Urbano. Vol. 1. Brasília, 2004
ANTIER,Gilles. Lês stratégies des grandes metrópoles: enjeux, pouvoirs et aménagement. Paris, Armand Colin, 2005 (p. 25)